é todo mundo;
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
.
Uma parte de mim
é multidão;
outra parte estranheza
e solidão.
.
Uma parte de mim
pesa, pondera;
outra parte
delira.
.
Uma parte de mim
almoça e janta;
outra parte
se espanta.
.
Uma parte de mim
é permanente;
outra parte
se sabe de repente.
.
Uma parte de mim
Uma parte de mim
é só vertigem;
outra parte,
linguagem.
.
Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte
–será arte?
.
Ferreira Gullar
(Na vertigem do Dia, José Olympio Editora, 1980)
.
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