Hoje, no meio da tarde, tive um surto de felicidade. Sensação irresistível de que tudo já deu certo. Que não há tristezas, não há mágoas, não há dúvidas - tudo passou como se nunca tivesse existido. Só há felicidade. Não entendo de onde veio isso. No ipod, Maria Bethania cantava tão triste a Modinha. Vai triste canção, sai do meu peito e semeia a emoção, que chora dentro do meu coração. E foi-se! Vontade de beijar as pessoas na rua e rir de nada (como se para rir precisasse haver motivo). Desço do ônibus. Chego em casa. Jogo o gato para cima. Abro um livro ao acaso. Mário Quintana me diz (leio e rio):
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Poeminha Sentimental
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O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vem pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega e vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam..
(Preparativos de Viagem, in Poesia Completa, Ed. Nova Aguilar, 2005)
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