sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Epílogo

Eu quis um dia como Schumann, compor
Um carnaval todo subjetivo:
Um carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior

Quando o acabei - a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta mortacor
Da senilidade e da amargura...
O meu carnaval sem nenhuma alegria!...

Manuel Bandeira, 1919
(Carnaval, in Estrela da Vida Inteira, Ed. Nova Fronteira, 1993)

Manuel Bandeira por
Demétrio Alburqueque Silva Filho

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Três reflexões de domingo

.
I

o relógio
marca
as horas
diferente
em cada punho

II

olho triste
olhos tristes
por que pedir
perdão
e não aceitá-lo?


III

amar é olhar
a privada
e não ter nojo
da merda
alheia
.

"Mary Poppins" (por Joao Daher)

Faixa 4

sempre tenho
preguiça da vida
aos domingos

leio jornal caminho
no calçadão tomo café
esqueço o dia

faixa quatro luz negra
a música repete nara
takai curto uma bossa

uma fossa
choro um teatro sem cor
com plateia vazia


Ramon Mello
(Vinis Mofados, Ed. Língua Geral, 2009)

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Não, não morri...


Então...

morri não. É que essa coisa de mudar de idioma bloqueou meu poucos neurônios poéticos. Morri numa língua para poder nascer em outra. Está nevando de novo (é uma blizzard). Não tem comida no supermercado. Há dias não há pão fresco. A paranóia americana - se não tiver um drama não tem graça. Preso em casa pelos próximos dois dias. Retornar de férias. Voltar a ser eu mesmo.