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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Vade mecum

I want the scissors to be sharp
and the table to be perfectly level
when you cut me out of my life
and paste me in the book you always carry.


Billy Collins
(in Sailing Alone Around the Room)




domingo, 26 de setembro de 2010

confessions of a teenage drama queen

I was a male war bride. I was a spy
so I married an axe murderer. I married Joan
I married a monster from outer space

I am guilty, I am the cheese, I am a fugitive from a chain gang
maybe I’ll come home in the spring. I’ll cry tomorrow
whose life is it anyway? it’s a wonderful life

I want to live. I want someone to eat cheese with
who am I this time? I am cuba. I am a sex addict
why was I born? why must I die? I could go on singing

I’ll sleep when I’m dead. I know who killed me
I was nineteen, I was a teenage werewolf, just kill me
kiss me, kill me. kill me later. kill me again

give me a sailor, if I had my way, I’d rather be rich
I wouldn’t be in your shoes. I wish I had wings
I wish I were in dixie (I passed for white) I was framed

I was a burlesque queen, I was a teenage zombie
I was an adventuress, I was a convict, I was a criminal
I did it, I killed that man, murder is my beat, I confess

D.A. Powell
(for David Trinidad)

sábado, 28 de agosto de 2010

Matthea Harvey










Ando totalmente apaixonado por Matthea Harvey (http://www.nytimes.com/2008/02/17/books/review/Orr2-t.html) depois de ter lido esse poema há duas semanas atrás na New York:


THE STRAIGHTFORWARD MERMAID

by Matthea Harvey

The straightforward mermaid starts every sentence with “Look . . . ” This comes from being raised in a sea full of hooks. She wants to get points 1, 2, and 3 across, doesn’t want to disappear like a river into the ocean. When she’s feeling despairing, she goes to eddies at the mouth of the river and tries to comb the water apart with her fingers. The straightforward mermaid has already said to five sailors, “Look, I don’t think this is going to work,” before sinking like a sullen stone. She’s supposed to teach Rock Impersonation to the younger mermaids, but every beach field trip devolves into them trying to find shells to match their tail scales. They really love braiding. “Look,” says the straightforward mermaid. “Your high ponytails make you look like fountains, not rocks.” Sometimes she feels like a third gender—preferring primary colors to pastels, the radio to singing. At least she’s all mermaid: never gets tired of swimming, hates the thought of socks.


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INTRODUCTION TO DISEASE

by Matthea Harvey (in Sad Little Breathing Machine)


Call me Responsible.
(Like all of them
it loves an exam.)

Pleased to meetcha.
A charming living space.
Thank you.
All original, naturally.

Tongue? Not telling.
(Funny little factory.)

I know my diagnosis.
Friendlier than the world.
Friendlier than the world.

Well do yourself a favor
they say & I don't think we meant it
like that.

I do. Like that.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Língua

hoje eu olho as paredes
marcadas pelo arrastar dos móveis
e sinto sede.

sinto que sou uma girafa
preciso abaixar o pescoço
até o fundo do poço
para beber água fresca
contar com as válvulas
do meu pescoço
para não desmaiar
de tédio e calor

vejo o carpete encharcado
– porra, já falei, não deixa o carpete sob o ar condicionado
e lembro da girafa.

Não há graciosidade num bicho tão grande.
Língua tão grande.
Um palmo de língua para fora.

O tamanho da língua não garante
que falemos o mesmo idioma.
"You have to learn Portuguese, baby..."

Não implique com minhas cortinas pretas, please.

As cortinas pretas mantém o meu tédio do lado de fora.
As cortinas pretas isolam o mundo do meu mundo.
As cortinas pretas preservam o tênue fio poético que ainda há em mim.

Recordações III

Sobre o teclado velho
marca o dedilhado
derrama lágrimas
que borram as notas
de um último tango
prelúdio noturno.

- Lembra quando só havia Música?

Todas as angústias do mundo
cabiam em um dicionário de bolso.

domingo, 16 de maio de 2010

Poeminha Sentimental

O meu amor, o meu amor, Maria
É como um fio telegráfico da estrada
Aonde vem pousar as andorinhas...
De vez em quando chega uma
E canta
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!)
Canta e vai-se embora
Outra, nem isso,
Mal chega e vai-se embora.
A última que passou
Limitou-se a fazer cocô
No meu pobre fio de vida!
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo:
As andorinhas é que mudam.

Mário Quintana.
(Preparativos de Viagem, in Poesia Completa, Ed. Nova Aguilar, 2005)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Recordações de viagem II

Sobre um teclado velho
marca o dedilhado
derrama lágrimas
borram as notas
de um último tango
prelúdio noturno
Lembra quando havia só a Música?
Todas as angústias do mundo
cabiam num dicionário de bolso

domingo, 28 de março de 2010

Eu fiz um poema

Eu fiz um poema belo
e alto
como um girassol de Van Gogh
como um copo de chope sobre o mármore
de um bar
que um raio atravessa
eu fiz um poema belo como um vitral
claro como um adro...
Agora
não sei que chuva o escorreu
suas palavras estão apagadas
alheias uma à outra como as palavras de um dicionário.
Eu sou como um arqueólogo decifrando as cinzas de um cidade morta.
O vulto de um velho arqueólogo curvado sobre a terra...

Em que estrela, amor, o teu riso estará cantando?

Mário Quintana
(em Esconderijos do Tempo, Poesia Completa, Ed. Nova Aguilar)

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Epílogo

Eu quis um dia como Schumann, compor
Um carnaval todo subjetivo:
Um carnaval em que o só motivo
Fosse o meu próprio ser interior

Quando o acabei - a diferença que havia!
O de Schumann é um poema cheio de amor,
E de frescura, e de mocidade...
E o meu tinha a morta mortacor
Da senilidade e da amargura...
O meu carnaval sem nenhuma alegria!...

Manuel Bandeira, 1919
(Carnaval, in Estrela da Vida Inteira, Ed. Nova Fronteira, 1993)

Manuel Bandeira por
Demétrio Alburqueque Silva Filho

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Faixa 4

sempre tenho
preguiça da vida
aos domingos

leio jornal caminho
no calçadão tomo café
esqueço o dia

faixa quatro luz negra
a música repete nara
takai curto uma bossa

uma fossa
choro um teatro sem cor
com plateia vazia


Ramon Mello
(Vinis Mofados, Ed. Língua Geral, 2009)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Férias

procura-se
indivíduo sensível
inteligente
ligeiramente indecente
que trabalhe full time
sem ganhar muito
que não seja feliz
mas tenha lampejos
de felicidade
e seja independente
precisa-se urgente
de alguém assim
que me cubra
- estou tirando férias de mim mesmo



quarta-feira, 18 de novembro de 2009

3.

Não é por me gavar
........................mas eu não tenho esplendor.
Sou referente pra ferrugem
........................mais do que referente pra fulgor.
Trabalho arduamente para fazer o que é desnecessário.
O que presta não tem confirmação,
........................o que não presta, tem.
Não serei mais um pobre diabo que sofre de nobrezas.
Só as coisas rasteiras me celestam.
Eu tenho cacoete pra vadio.
As violetas me imensam.

Manoel de Barros
(Desejar ser, in Livro sobre Nada, Ed. Record

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Há milênios...

.
não aparece um poema por aqui... hoje lembrei do meu soneto preferido.


Sonnet XVIII
(W. Shakespeare)

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate:
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:

Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimmed,
And every fair from fair sometime declines,
By chance, or nature's changing course untrimmed:

But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st,
Nor shall death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow'st,

So long as men can breathe, or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.

sábado, 26 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

A bruxa

Nesta cidade do Rio
De dois milhões de habitantes
Estou sozinho no quarto
Estou sozinho na América.

Estarei mesmo sozinho?
Ainda há pouco um ruído
Anunciou vida a meu lado.
Certo não é vida humana,
Mas é vida. E sinto a Bruxa
Presa na zona de luz.

De dois milhões de habitantes!
E nem precisava tanto...
Precisava de um amigo,
Desses calados, distantes,
Que lêem verso de Horácio
Mas secretamente influem
Na vida, no amor, na carne.
Estou só, não tenho amigo,
E a essa hora tardia
Como procurar amigo?

E nem precisava tanto.
Precisava de mulher
Que entrasse nesse minuto,
Recebesse esse carinho
Salvasse do aniquilamento
Um minuto e um carinho loucos
Que tenho para oferecer.

Em dois milhões de habitantes
Quantas mulheres prováveis
Interrogam-se no espelho
Medindo o tempo perdido
Até que venha a manhã
Trazer leite, jornal, calma.
Porém a essa hora vazia
Como descobrir mulher?

Esta cidade do Rio!
Tenho tanta palavra meiga,
Conheço vozes de bichos,
Sei os beijos mais violentos,
Viajei, briguei, aprendi
Estou cercado de olhos,
de mãos, afetos, procuras

Mas se tento comunicar-me,
O que há é apenas a noite
E uma espantosa solidão

Companheiros, escutai-me!
Essa presença agitada
Querendo romper a noite
Não é simplesmente a Bruxa.
É antes a confidência
Exalando-se de um homem.

C.D.A
(José e Outros, in Poesia Completa, Ed. Nova Aguilar, 2006)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nova Canção do Exílio

.

Fui no Itororó beber água mineral
Petrópolis.
Não achei.

Só tinha Perrier
e Cherry Coke Diet

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

idéias mortas

as idéias andam fugindo
de mim
mudando de calçada
.
se me vêem
na rua
da amargura
.
e do completo
branco omo total

atravessam sem olhar
para os lados

preferem a brutalidade
do atropelamento

a fazer parte
do meu arsenal

de bobagens

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Soneto do Suicida Bêbado

Ah ah ah, hoje eu só quero me matar
Preciso achar um jeito dessa vida acabar
Pode ser com canivete, corda, faca, ou veneno
Pode ser pela janela do décimo-quinto andar
.
Não preciso de ajuda, só preciso de um momento
Quem sabe esperar um vento que me ajude a saltar
Sem vento resta o veneno, quem sabe chumbinho tento
ou mais morfina do que aguento, para parar de respirar
.
Pode parecer delírio, mas isso aqui não é o lírio
Não preciso de colírio, o que eu quero é veneno
Para preparar o terreno e então morrer sereno,
com um último aceno, sem ninguém me incomodar
.
E no enterro tragam flores, girassóis, alguns amores
Não chorem, não sintam dores, eu morri de tanto amar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

sábado, 22 de agosto de 2009