domingo, 28 de março de 2010

Eu fiz um poema

Eu fiz um poema belo
e alto
como um girassol de Van Gogh
como um copo de chope sobre o mármore
de um bar
que um raio atravessa
eu fiz um poema belo como um vitral
claro como um adro...
Agora
não sei que chuva o escorreu
suas palavras estão apagadas
alheias uma à outra como as palavras de um dicionário.
Eu sou como um arqueólogo decifrando as cinzas de um cidade morta.
O vulto de um velho arqueólogo curvado sobre a terra...

Em que estrela, amor, o teu riso estará cantando?

Mário Quintana
(em Esconderijos do Tempo, Poesia Completa, Ed. Nova Aguilar)

Nenhum comentário: