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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Maresia

anote aí:
novo endereço
californian street
northwest
wash, d.c.

tudo o que eu levo:
três malas pretas
uma bolsa vermelha
com alguns poetas
e algumas meias;
duas cadeiras
(velhas);
oito pratos, oito copos, oito xícaras;
fotografias

dormirei no chão
lendo poesia
e ouvindo maresia

antes de dormir
uma taça – não tenho taças –
um copo
de um prosecco
um cigarro
- não pode, em país civilizado só se fuma na pracinha -
okay, smoking-free

e dormirei no chão
lendo poesia
e ouvindo maresia

ouvindo a maresia
guardada no fundo
da mala
feito anestesia
dormirei
ouvindo a maresia

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Presto


Os dias despencam
aos pedaços. Logo será janeiro.

Posso farejar o amarelo das amendoeiras
de então (amarelas como teu cabelo)

e a praia, os bares, a ferrugem, nossas costas
e braços liquefeitos. Tanto faz a solidão,

a companhia: tudo são doenças tropicais,
incuráveis. O verão virá, forasteiro,

no vôo tonto, nupcial dos cupins
em volta das lâmpadas. Janeiro

está próximo, pressinto seu peso, a alegria,
o tremor, a sezão, o óleo,

a girândola veloz dos relógios
a nos golpear no ventre. Girassóis

em bando assestarão suas lâminas
em direção aos táxis

enquanto os rios, erráticos, desaguarão
à porta dos edifícios da Senador Vergueiro.

Eucanãa Ferraz
(Rua do Mundo, Cia das Letras, 2004)