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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Dilema

O que muito me confunde
é que no fundo de mim estou eu
e no fundo de mim estou eu.
No fundo
sei que não sou sem fim
e sou feito de um mundo imenso
imerso num universo
que não é feito de mim.
Mas mesmo isso é controverso
se nos versos de um poema
perverso sai o reverso.
Disperso num tal dilema
o certo é reconhecer:
no fundo de mim
sou sem fundo.
.
Antonio Cícero
(Guardar, Ed. Record 1996)

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Simbiose

Sou seu poeta só
Só em você descubro a poesia
Que era já minha
Mas eu não via.
.
Só eu sou seu poeta
Só eu revelo poesia sua
e à noite indiscreta
você de lua.
.
Antonio Cícero
(Guardar, Ed. Record 2008)

Ouvindo...


.
Três
(Antonio Cícero & Marina Lima)
.
Um
Foi grande o meu amor
Não sei o que me deu
Quem inventou fui eu
Fiz de você o Sol
Da noite primordial
E o mundo fora nós
Se resumia a tédio e pó
Quando em você tudo se complicou
.
Dois
Se você quer amar
Não basta um só amor
Não sei como explicar
Um só sempre é demais
Pra seres como nós
Sujeitos a jogar
As fichas todas de uma vez
Sem temer, naufragar
Não há lugar pra lamúrias
Essas não caem bem
Não há lugar pra calunias
Mas por que não
Nos reinventar
.
Três
Eu quero tudo que há
O mundo e seu amor
Não quero ter que optar
Quero poder partir
Quero poder ficar
Poder fantasiar
Sem nexo e em qualquer lugar
Com seu sexo junto ao mar

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Água Perrier

Não quero mudar você
nem mostrar novos mundos
pois eu, meu amor, acho graça até mesmo em clichês.
.
Adoro esse olhar blasé
que não só já viu quase tudo
mas acha tudo tão déjà vu mesmo antes de ver.
.
Só proponho
alimentar seu tédio.
Para tanto, exponho
a minha admiração.
Você em troca cede o
seu olhar sem sonhos
à minha contemplação:
.
Adoro, sei lá por que,
esse olhar
meio escudo
que em vez de meu álcool forte pede água Perrier
.
Antonio Cícero
(Guardar, Ed. Record, 2008)

domingo, 17 de maio de 2009

Ouvindo...


.
Acontecimentos
(Antonio Cicero & Marina Lima)
.
Eu espero
Acontecimentos
Só que quando anoitece
É festa no outro apartamento
.
Todo amor
Vale o quanto brilha
E aí
O meu ainda brilhava
Brilho de jóia e de fantasia
.
O que que há com nós dois, amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim
.
Era fácil
Nem dá pra esquecer
E eu nem sabia
Como era feliz de ter você
.
Como pôde
Queimar nosso filme
Um longe do outro
Morrendo de tédio e de ciúmes
.
O que que há com nós dois amor?
Me responda depois
Me diz por onde você me prende
Por onde foge
E o que pretende de mim

Eu vi o rei chegar

Eu vi o rei chegar
Eu vi o rei chegar
.
Um rei assim
Que não escuta bem
Que adora luz
Mas não vê ninguém
Prefere olhar
O horizonte, o céu
Longe daqui é tudo seu
.
Eu vi o rei chegar
Eu vi o rei chegar
.
Seu sangue azul
Ninguém diz de onde vem
De que sertão
De que mar, que além
E para nós
Ele jamais se abriu
Só uma vez
Quando partiu
.
Eu vi o rei chegar
Eu vi o rei chegar
.
Um rei assim
Cultiva solidão
Sombria flor
No coração
E claro é
Que o pêndulo do amor
Às vezes vai
Até a dor
.
Eu vi o rei chegar
Eu vi o rei chegar
.
Devo dizer
Que eu não sofri demais
Mas devo dizer
Que eu acordei
Mesmo sem ser
Tudo que eu imaginei
Devo dizer
Que eu o amei
.
Eu vi o rei chegar
Eu vi o rei chegar

Antonio Cicero
(Guardar, Ed.Record)