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domingo, 15 de fevereiro de 2009

Dizemos

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"Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a quinta e mais difícil operação das aritméticas humanas, dizemos aos abúlicos, Querer é poder, como se as realidades bestiais do mundo não se divertissem a inverter todos os dias a posição relativa dos verbos, dizemos aos indecisos, Começar pelo princípio, como se esse princípio fosse a ponta sempre visível de um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegarmos à outra ponta, a do fim, e como se, entre a primeira e a segunda, tivéssemos tido nas mãos uma linha lisa e contínua em que não havia sido preciso desfazer nós nem desenredar emanharados, coisa impossível de acontecer na vida dos novelos, e, se uma outra frase de efeito é permitida, nos novelos da vida.".
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José Saramago, em 11.02.2009 n'O Caderno de Saramago

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Um dia de Josés

11:35 - Saí da prova pensando em José...

"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,........................(...)......................Se você gritasse,
o povo sumiu,..................................................se você gemesse,
a noite esfriou,.................................................se você tocasse
e agora, José?..................................................a valsa vienense,
e agora, você?................................................se você dormisse,
você que é sem nome,......................................se você cansasse,
que zomba dos outros,.....................................se você morresse...
você que faz versos,........................................Mas você não morre,
que ama, protesta?.........................................você é duro, José!"
e agora, José?

13:50 - Ligam-me os meus dois Josés, o irmão e o avô. Saudades...

17:30 - Na ABL, está o outro José, aquele ser sisudo, a falar do destrato com que se trata a Língua Portuguesa. "Só se pode transformar aquilo que se conhece profundamente." Recorda o Machado (o dono da casa). E diz que precisa inventar o inventar. Não tem de inventar nada novo. É preciso inventar o "inventar." E para isso "basta deslocar um pouquinho a iluminação do objeto e lá estará o objeto, novo." A conversa termina no Elefante, aquele que viaja. Ainda não conheço o elefante. Terei grande prazer em conhecê-lo, no meu exemplar autografado. Abro o livro e vejo a dedicatória mais bela que já vi em toda vida: "A Pilar, que não me deixou morrer." E viva o José.



sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Assim falou Saramago...


Vivo, vivíssimo

Intento ser, à minha maneira, um estóico prático, mas a indiferença como condição de felicidade nunca teve lugar na minha vida, e se é certo que procuro obstinadamente o sossego do espírito, certo é também que não me libertei nem pretendo libertar-me das paixões. Trato de habituar-me sem excessivo dramatismo à ideia de que o corpo não só é finível, como de certo modo é já, em cada momento, finito. Que importância tem isso, porém, se cada gesto, cada palavra, cada emoção são capazes de negar, também em cada momento, essa finitude? Em verdade, sinto-me vivo, vivíssimo, quando, por uma razão ou por outra, tenho de falar da morte…

n'O Caderno de Saramago em 18/11/2008

PS.: Ele está chegando no final-de-semana.