segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Antipoeta
domingo, 28 de dezembro de 2008
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Anamneses
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
Definições VI
Natal é quando neva no Rio de Janeiro. A neve - ao que se vê - opera milagres. Desavenças são ignoradas. Promessas são esquecidas. Bonança prevalece. Quem diria que no país do sol e praia seria a neve o catalisador que aquece corações. Para o bem e para o mal, neve é gelo. Gelo derrete rápido sob sol de quarenta graus. Como a água que escorre, o Natal também vai ralo abaixo e, no dia vinte-e-seis, o mundo volta ao normal.
Cárcere
juntando palavras
a palavra dita
encarcerada
a alma fica
domingo, 21 de dezembro de 2008
O Bóson, o Bozo e a Epistemologia
.
Poema de domingo
um domingo
é
um dia difícil
de definir
pode ser sol e praia - um sorriso
pode ser só para dormir
Lição de um Gato Siamês
que existe a eternidade:
é a duração
......finita
......da minha precariedade
O tempo fora
de mim
.............é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afetivo
- dura eternamente
...enquanto vivo
E como não vivo
além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo)
Ferreira Gullar
(Muitas Vozes, José Olympio Editora, 1999)
sábado, 20 de dezembro de 2008
Poema de sábado
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Miado
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Poema de quarta
terça-feira, 16 de dezembro de 2008
Poema de terça
Soneto do Gato Morto
A apoteose da garota materialista
Agora, cena antológica mesmo, foi Madonna, agachada no palco, secando o chão com um saco de chão branco. Isso ficará para sempre gravado na minha memória. Madonna é Madonna.
domingo, 14 de dezembro de 2008
Material Girl
sábado, 13 de dezembro de 2008
Os cegos do metrô
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Manifesto anti-felicidade
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Presto
Fuga
Sem essa de luz em fim de túnel, luz é para covardes,
apague a luz, o túnel não tem fim
a primeira voz recita o tema - que voz é a sua?
III
desenvolva o tema, mude o tom e faça pausas, síncopes, acefalias
e pare de tentar acender a luz
pastiche de todos e de você mesmo - que ridículo
não é a luz que falta, é a luz que sobra que não te deixa ver
terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Ciranda
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Credo
domingo, 7 de dezembro de 2008
Cara Feia
Céticos ou Crentes?
"Cépticos como os cépticos, crente como os crentes. A metade que avança é crente, a metade que confirma é céptica.
Mas o cientista perfeito é também jardineiro: acredita que a beleza é conhecimento."
Gonçalo M. Tavares
(in Breves Notas sobre Ciência, Ed. Relógio d'Água, 2006)
sábado, 6 de dezembro de 2008
The road not taken
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;
Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.
I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Definições V
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Aviso aos usuários
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
Definições IV
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Feliz Natal?
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
domingo, 30 de novembro de 2008
30 dias de sorvete de morfina
Comemoração na Sorveteria,
esquina da Barata com a Sta Clara
Dose alta acaba rápido
Não demore a chegar
Não vou esperar
bloco de notas
................um cão sem dono
................um bandido
................um menino
................um duvida
................um abraça
................um sorri
................um é só lágrimas
................um eu partido
................dois de mim
................- e tudo é muita coisa ao mesmo tempo
................um quer nada
................- esse é potencialmente, mas só potencialmente, mais feliz
sábado, 29 de novembro de 2008
Paráfrase do beco
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
A arte de sumir e aparecer
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Um dia de Josés
"E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,........................(...)......................Se você gritasse,
o povo sumiu,..................................................se você gemesse,
a noite esfriou,.................................................se você tocasse
e agora, José?..................................................a valsa vienense,
e agora, você?................................................se você dormisse,
você que é sem nome,......................................se você cansasse,
que zomba dos outros,.....................................se você morresse...
você que faz versos,........................................Mas você não morre,
que ama, protesta?.........................................você é duro, José!"
e agora, José?
13:50 - Ligam-me os meus dois Josés, o irmão e o avô. Saudades...
17:30 - Na ABL, está o outro José, aquele ser sisudo, a falar do destrato com que se trata a Língua Portuguesa. "Só se pode transformar aquilo que se conhece profundamente." Recorda o Machado (o dono da casa). E diz que precisa inventar o inventar. Não tem de inventar nada novo. É preciso inventar o "inventar." E para isso "basta deslocar um pouquinho a iluminação do objeto e lá estará o objeto, novo." A conversa termina no Elefante, aquele que viaja. Ainda não conheço o elefante. Terei grande prazer em conhecê-lo, no meu exemplar autografado. Abro o livro e vejo a dedicatória mais bela que já vi em toda vida: "A Pilar, que não me deixou morrer." E viva o José.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Matrix, mirtilos & beijos roubados
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
Noite Transfigurada
Noite Transfigurada
sábado, 22 de novembro de 2008
Anamneses
Definições III
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
Assim falou Saramago...
Vivo, vivíssimo
Intento ser, à minha maneira, um estóico prático, mas a indiferença como condição de felicidade nunca teve lugar na minha vida, e se é certo que procuro obstinadamente o sossego do espírito, certo é também que não me libertei nem pretendo libertar-me das paixões. Trato de habituar-me sem excessivo dramatismo à ideia de que o corpo não só é finível, como de certo modo é já, em cada momento, finito. Que importância tem isso, porém, se cada gesto, cada palavra, cada emoção são capazes de negar, também em cada momento, essa finitude? Em verdade, sinto-me vivo, vivíssimo, quando, por uma razão ou por outra, tenho de falar da morte…
n'O Caderno de Saramago em 18/11/2008
PS.: Ele está chegando no final-de-semana.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
dispensa maiores comentários...
Interesse
(Suely Mesquita e Pedro Luís)
Acende uma vela pra Deus
outra pro diabo
agradeço,
você não se interessa mais por mim
Posso passear no bosque
seu lobo não vem mais atrás
agradeço,
você não se interessa mais por mim
Me solta, me deixa, me larga,
tenho mais o que fazer.
não posso ficar nessa de esperar,
nem posso ficar nessa de querer.
O gato acha o rato muito interessante
a cobra acha o sapo muito interessante
agradeço,
você não se interessa mais por mim
Sai de cima, deixa disso de promessa
ão me prende aqui
que eu tô com pressa
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
Poema dentuço
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Poema de sete faces
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima,
não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.
Carlos Drummond de Andrade
(Alguma Poesia, 1930)
Conjugação
Definições II
Dilúvio é quando o bueiro não é suficientemente grande para escoar o líquido que escorre. Ele acumula, sobe, leva com ele o que estiver pela frente e não estiver bem preso. Haverá quem diga que nem sempre o culpado é o bueiro, que a velocidade com que as coisas acontecem pode pegar o bueiro despreparado. A réplica: se o bueiro não está sempre preparado, como pode continuar a ser bueiro?
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Amores, Traições, Objetivos & Barcelona
sábado, 15 de novembro de 2008
Um instante
One art
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
-Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.
Elizabeth Bishop
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
Perto do Coração Selvagem
(Perto do Coração Selvagem, 1944)
Definições
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Dor de dente
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
Almofadas, Tangos & Orangotangos
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Por que
Amor meu, minhas penas, meu delírio
aonde quer que vás, irá contigo
meu corpo, mais que um corpo, irá um'alma
sabendo embora ser perdido intento
o de cingir-te forte de tal modo
que, desde então se misturando as partes
resultaria o mais perfeito andrógino
nunca citado em lendas e cimélios.
Amor meu, punhal meu, fera miragem
consubstanciada em vulto feminino,
por que não libertas do teu jugo,
por que não me convertes em rochedo,
por que não me eliminas do sistema
dos humanos prostrados, miseráveis,
por que preferes doer-me como chaga
a fazer dessa chaga meu prazer?
Carlos Drummond de Andrade
(Farewell, 1996)
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
Orquestras e Orangotangos
domingo, 9 de novembro de 2008
Mais uma do Quintana...
Minha estrela não é a de Belém:
A que, parada, aguarda o peregrino.
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além...
- Meu Deus, o que é que esse menino tem? -
Já suspeitavam desde eu pequenino.
O que eu tenho? É uma estrela em desatino...
E nos desentendemos muito bem!
E quando tudo parecia a esmo
E nesses descaminhos me perdia
Encontrei muitas vezes a mim mesmo...
Eu temo é uma traição do instinto
Que me liberte, por acaso, um dia
Deste velho e encantado Labirinto
Emergência
(Apontamentos de uma história sobrenatural. 1976)