Nada existe com mais serenidade
Mesmo parado ele caminha ainda
As selvas sinuosas da saudade
De ter sido feroz. À sua vinda
Altas correntes de eletricidade
Rompem do ar as lâminas em cinza
Numa silenciosa tempestade.
Por isso ele está sempre a rir de cada
Um de nós, e ao morrer perde o veludo
Fica torpe, ao avesso, opaco, torto
Acaba, é o antigato; porque nada
Nada parece mais com o fim de tudo
Que um gato morto.
Vinícius de Morais
(Nova Antologia Poética, Cia das Letras, 2008)
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PS.: O Blorges voltou e está atualizado...
Um comentário:
Muito bom, e certissimo, o poetinha tinha gato e já viu um deles morrer, com certeza.
abraço!
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