sábado, 11 de julho de 2009

Último Tango

quantos tangos ainda não dançamos
na intensidade louca e urgente
e explícita dos nossos encontros
noturnos diurnos sem hora sem
razão sem nexo sem querer que
fosse nada além do momento e
que muito mais que o momento
se tornaram e agora e agora
que falta seu sorriso falta
você me chamando de chato
você reclamando do gato
você declamando Tchekov
e me contando do teatro
falta sua boca brincando
e marcando meu pescoço branco
enquanto eu sorria e te oferecia
meu corpo e a força dos meus braços
que você usava e me devolvia
ao fim em pulsante líquido doce
suave sabor que impregnava
enlouquecia e naquele momento
sem poder dizer que te amava
me fazia blasé te beijava a boca
enquanto você sem poder dizer
o que sentia me dizia apenas que
era a última vez a última
tão lírico eu e você
um tango argentino
tanta intensidade
ameniza a saudade
e me faz carregar você em mim

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