segunda-feira, 29 de março de 2010

peixes, escolhas e caleidoscópios
















ser pisciano é muito difícil. qualquer horóscopo de jornal define o pisciano como confuso, indeciso, complicado, incapaz de decidir objetivamente o que fazer. tudo bobagem. é simples: nós piscianos somos múltiplos. as crises ocorrem quando nos impomos escolhas artificiais e desnecessárias. razão ou emoção? sonho ou realidade? prazer ou obrigação? imaginação ou racionalidade? nosso estado ideal é múltiplo. não fazemos escolhas - agregamo-nas. criamos espaços alternativos. juntamos cacos de vidro, conchas do mar, ferrolhos, papel picado, semente de abacate, o que mais aparecer e construímos mosaicos. somos fazedores ambulantes e incansáveis de caleidoscópios. e sim, nós gostamos de ver o mundo sob a óptica do caleidoscópio. não sabemos fazer de outro jeito. enquanto houver quem se interesse por eles, continuaremos a trabalhar.


domingo, 28 de março de 2010

Eu fiz um poema

Eu fiz um poema belo
e alto
como um girassol de Van Gogh
como um copo de chope sobre o mármore
de um bar
que um raio atravessa
eu fiz um poema belo como um vitral
claro como um adro...
Agora
não sei que chuva o escorreu
suas palavras estão apagadas
alheias uma à outra como as palavras de um dicionário.
Eu sou como um arqueólogo decifrando as cinzas de um cidade morta.
O vulto de um velho arqueólogo curvado sobre a terra...

Em que estrela, amor, o teu riso estará cantando?

Mário Quintana
(em Esconderijos do Tempo, Poesia Completa, Ed. Nova Aguilar)